3 jogos que eu gostaria de ter criado 27 de julho de 2017

Difícil separar um ranking de 3 jogos que eu gostaria de ter criado de um ranking com os 3 jogos que eu mais gosto. Afinal, se são os que eu mais gosto, porque não são também os que eu mais gostaria de ter criado?

Acabei fazendo a diferenciação pensando nos jogos que eu mais admiro. Admiração não é a mesma coisa que preferência, tem um viés de reconhecer o mérito sem necessariamente querer levar pra ilha deserta. É como aplaudir uma ópera no Municipal, mas no fundo no fundo, gostar mesmo do show do Engenheiros do Havaí.

E os jogos que eu mais admiro são os que fazem muito com pouco, os que entregam uma experiência única e nem parecem que fazem esforço:

3. Camel Up

Apesar de ser acusado de caótico, Camel Up é um jogo bem desenhado pra cacete. Envolve sim muita sorte, porque é um jogo de probabilidades, não de controle. O melhor jogador de Camel Up pode perder uma partida para um noob, mas vai ganhar a maioria. E o mais importante, vai ganhar se divertindo com os movimentos alucinados dos camelos empilhados, as armadilhas freando ou adiantando a pilha de camelos, e os componentes fantásticos do jogo. Encanta quem não conhece o hobby e mantém o interesse dos macacos velhos.

2. Tigris & Euphrates

De todos os euros do século passado, Tigris foi o que envelheceu melhor. Todo mundo já copiou o controle de área do El Grande, os pontos de ação do Tikal, a seleção simultânea do Robo Rally, o leilão do Ra. Pode-se debater se a nova geração melhorou os clássicos ou só farofou, mas com o Tigris não tem discussão, pois não tem nada nem vagamente semelhante com o brilhantismo dos conflitos externos e internos ou com a forma como os monumentos dão ponto ao mesmo tempo em que enfraquecem quem os controla. 20 anos depois, ele continua totalmente original.

1. Hanabi

Detesto jogos cooperativos. Todos eles caem em um dos seguintes casos: A) São um puzzle coletivo, em que você toma decisões em conjunto com os coleguinhas. O jogo vira um debate aberto e isso pra mim não tem graça. B) Por serem puzzles, a parte da resolução que não depende de sorte é formulaica. Hanabi não só não tem nada disso como consegue, com regras ultra simples, criar um desafio complexo, que exige criatividade e confiança. Ele brilha em grupos que jogam juntos há muito tempo, e funcionam como uma engrenagem, todo mundo pensando igual e mantendo a cara de paisagem pra evitar dar bandeira dos inevitáveis acidentes de percurso. O próprio Richard Garfield já disse que Hanabi é o jogo mais importante do século XXI, e tem que respeitar a opinião do cara.

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